Introdução
“... A vós é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas” (Mc 4.11).
A Bíblia cita mais de cinqüenta espécies de plantas, entre elas algumas que possuem grande utilidade e mostram algum simbolismo.
O Cedro (VT)
O cedro, por exemplo, muito comum em Jerusalém como as figueiras bravas (I Rs 10.27). Isto, no tempo de Salomão que, nos cânticos, falou do cedro do Líbano até o hissopo que brota na parede. Dá a entender que era a maior ou mais importante árvore, conhecida (I Rs 4.33). O cedro é tipo de majestade ou força (Is 2.13). No auge de Israel, o cedro poderia ser o símbolo nacional. Referindo-se à restauração do reino, Deus diz que tirará um renovo do cedro e o plantará num monte alto (Ez 17.22,23). Também o cedro pode ser um tipo do justo que “... crescerá como o cedro no Líbano” (Sl 92.12b). Depois do cativeiro, Israel ficou sem rei, sem independência política, perdeu a majestade e a soberania, não pôde mais ser representado pelo cedro altaneiro.
A Murta (VT)
Há um pensamento de que a árvore que servia de emblema aos judeus após o cativeiro era a murta. Quando Ester nasceu, recebeu o nome de Hadassa, murta, na língua hebraica, que é uma planta menor e de menos valor e utilidade do que o cedro. Significando a escolha deste nome, porque os judeus estavam em humilhação. Todavia, a murta dava uma flor branca, linda, em forma de estrela. Por isso a moça, quando elevada ao reino, passou a ser chamada Ester: “Estrela de grande beleza”. Ao fazerem a festa das cabanas, no tempo de Neemias, foram usados ramos de murta (Ne 8.15). Em Zacarias, aparece um cavaleiro entre as murtas num lugar sombrio (Zc 1.8). O povo estava em lugar sombrio ou vale, significando humilhação, e entre as murtas, outro aspecto da decadência.
As Três Árvores (NT)
No Novo Testamento, Jesus Cristo e depois Paulo, usaram como símbolo para Israel três árvores, eram elas: A Videira, A Figueira e A Oliveira. Aparecem as três juntas no cântico de Habacuque (Hc 3.17). A videira é símbolo dos privilégios espirituais de Israel, a figueira, dos privilégios nacionais, e a oliveira, dos privilégios religiosos.
A Videira
É o arbusto que produz uvas, cultivada desde antiguidade e mencionada, várias vezes, nas Escrituras. Noé plantou uma vinha (Gn 9.20). Existia no Egito (Gn 40.9) e em Canaã (Dt 8.8). O tempo da vindima inspirava alegria e festas (Jz 9.27; Jr 25.30). A figura de Israel, às vezes, é expressa pela videira, outras vezes pela vinha. Em linguagem figurada, é a nação mencionada como parábola em Salmo 80.8-16. “Deus trouxe uma vinha do Egito e a plantou numa terra, cujas nações foram lançadas fora” (v. 8). Sob a liderança de Moisés o povo foi liberto do Egito e, comandado por Josué, venceu os povos de Canaã.
Uvas Bravas
As raízes aprofundaram, e os ramos tornaram-se como cedros e chegaram até o mar (vv. 9-11). Tornaram-se um reino próspero com a sabedoria e grandeza de Salomão. Aparece também na parábola da videira em Isaías 5.1-7, apelando para o concerto que Deus fez com os pais quando os tirou do Egito. “... julgai vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que brotasse uvas veio a produzir uvas bravas?” (Is 5.3b, 4). Israel é escolhido por Deus para tornar conhecida a lei a outros povos. A missão era exemplo de testemunho às nações que não conheciam ao Senhor. “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26).
Uvas Bravas da Derrota
A responsabilidade era ser fiel a Deus, conservar o testemunho da santidade de Deus, do poder, da justiça e da misericórdia, para que pagãos incrédulos conhecessem a palavra de Deus, que fora confiado primeiro a eles (Rm 3.1,2). Israel falhou na missão, “produziram uvas bravas” (Is 5.4b); em vez de justiça, praticaram opressões, caíram na idolatria, indo a uma condição de que Deus disse: “... andaram após deuses estranhos para servi-los”. “Segundo o número das suas cidades, foram os teus deuses, ó Judá” (Jr 11.10b, 13a). Como resultado, veio o castigo, cumprindo-se as predições de Deuteronômio 28 e dos profetas, especialmente Jeremias. Veio a Assíria contra Samaria e Babilônia contra Jerusalém, destruindo as cidades, os muros e o Templo e os levaram para suas terras o restante do povo como cativo. Acabou-se a glória do povo de Israel. É o significado da expressão: “O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram” (Sl 80.13). Deus mesmo declarou: “... tirarei a sua sebe, para sirva de pasto...” (Is 5.5b) e “... já não há uvas na vide...” (Jr 8.13b).
Uvas Bravas da Morte
Jesus falou uma parábola para os judeus nos termos daquelas do Salmo 80 e Isaías 5. Um homem plantou a vinha, tomou as providências de proteção e segurança e arrendou-a a uns lavradores. Estes, no tempo de dar conta dos frutos, espancaram e mataram servos outros, e, por fim mataram o próprio filho do dono (Mt 21.33-39). Os judeus espancaram e mataram os profetas e crucificaram o Filho de Deus. Então, Jesus pergunta: “... o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” Eles respondem: “... Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os frutos... Portanto eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21.40b, 41b, 43).
Uvas Bravas Consumidas Pelo Fogo
“... Como a videira entre as árvores do bosque, que tenho entregado ao fogo para que seja consumida, assim entregarei os habitantes de Jerusalém” (Ez 15.6b). Cumpriu-se de modo detalhado, espiritualmente, em Atos 13.46b. “... Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios”. Todavia, a promessa a Abraão de abençoar a descendência permanece no plano de Deus. Na mesma figura de videira (Ez 17.1-10,22-24), referindo-se a Israel, Deus acrescenta o cedro, representando majestade e promete reverdecer a árvore seca.
A Figueira
É originária do Oriente, e é muito abundante na Ásia e na Europa.
Folhas da Vergonha
Adão e Eva fizeram roupas de folhas de figueira (Gn 3.7) para esconder a nudez, mas quando ouviram a voz de Deus, se esconderam. A roupa não satisfazia. “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas DE FIGUEIRA, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). Vemos aqui o primeiro sinal de substituição da providência de Deus pela obra do homem. Este ato aponta para o futuro: um povo, uma raça, uma lei, um rei, um templo, tudo substituindo o governo de Deus.
Árvore da Segurança
Era costume descansar debaixo da figueira, ato que significa paz e prosperidade. “... Habitavam seguros cada um debaixo de sua videira, e debaixo de sua figueira...” (I Rs 4.25; Ml 4.4; Zc 3.10). “Disse-lhe Natanael: Donde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse te vi eu estando tu debaixo da figueira” (Jo 1.48). Natanael estava sob a proteção de Israel, da religião, através da qual podia aventurar-se em um tipo de interpretação tradicional e perigosa, quando lançou dúvida sobre a veracidade do que dizia Filipe, com a pergunta sarcástica e preconceituosa: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré”? (João 1.46). Quando Jesus mostrou discernimento profético, Natanael imediatamente reconheceu que a figueira (Israel) não era mais sua proteção, afirmando: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”! (João 1.49).
Fruto que Produz Remédio
O fruto é comido fresco e pode ser conservado em passas (I Sm 25.18). Há no Velho Testamento referencias ao uso da Figueira e seus frutos. Servia, também, de remédio como no exemplo da doença do rei Ezequias, quando foi colocada na chaga a pasta de figos sarou (II Rs 20.7). Foi usada, também, massa de figos para animar o moço desfalecido pela fome de três dias (I Sm 30.11,12).
Figueira, Abundância e Despertamento
O vento derruba grande parte dos figos verdes “... Como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte” (Ap 6.13b). Os que amadurecem são chamados temporãos (Ml 7.1 e Na 3.12). Um quadro rico de imagens está em Cantares, usando a figueira: “A figueira já deu os seus figuinhos” (Promessa de abundância); “as vides em flor exalam o seu aroma” (Deleite, acompanhando a esperança de boa colheita); “levanta-te, amiga minha, e vem” (convite para o despertamento dirigido a quem está, espiritualmente, dormindo) – (Ver Ml 2.10 e Ef 5.14.)
Figos Bons e Figos Ruins
Jeremias teve a visão de dois cestos de figos. Um tinha figos bons; o outro, figos tão ruins que não se podiam comer. Os bons representam judeus fiéis, que iam para o cativeiro, mas Deus traria de volta para Jerusalém. Os ruins eram os que acompanhavam o rei Zedequias na maldade e desobediência a Deus, e seriam castigados, levados a Babilônia e destruídos por lá (Ver Jr 24.1-10).
Figueira Estéril
Jesus avistou a figueira perto do caminho, onde passava, dirigiu-se a ela procurando fruto e não achou senão folhas, então, disse: “Nunca mais nasça fruto em ti”. A figueira secou imediatamente (Mt 21.19; Mc 11.1214). Eis o quadro exato de Israel. Tinha pompa e cerimônias, porém não tinha os frutos, tinha somente um belo aspecto exterior, mas era algo sem valor. Foi como aquela geração que não produziu frutos que Deus queria, e foi destruída. Quando os discípulos pediram um sinal da vinda de Jesus e do fim do mundo, ele disse: “Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e a folhas brotam, sabeis que está próximo o verão” (Mt 24.3,32).
Ela foi castigada com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelos romanos. Os judeus foram dispersos e ficaram sem Pátria durante quase dois mil anos. Ultimamente, a figueira está reverdecendo. Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel, e na guerra dos seis dias, em junho de 1967, o povo reconquistou o território que era a Palestina dos dias de Jesus Cristo. Daí para cá o progresso vai avançando a passos largos, segundo a profecia de Jesus, que disse: “... o verão está próximo” (Mt 24.32b). Atualmente, a figueira está brotando com seus renovos. É a gloriosa restauração de Israel.
A Oliveira
É muito comum em toda a parte das terras, no Velho Testamento. Seus frutos, esmagados, produzem o óleo ou azeite. Era símbolo de prosperidade e bênçãos divinas (Sl 52.8, Jr 11.16). Tornou-se, também, o ramo de oliveira um emblema de paz. Tanto o óleo como a árvore era usado na Festa dos Tabernáculos. O azeite era empregado de várias maneiras no culto judaico. Usava-se no Castiçal do Tabernáculo, servindo para alumiar. Fazia parte do óleo da unção (Êx 27.20; 30.24; Lv 24.2).
A oferta de manjares levava azeite (Lv 2.6; 23.13), lembrando a consagração ou a comunhão com Deus. O azeite era importante como alimento (I Rs 17.12,16; II Rs 4.2-7). Ainda servia de remédio. O samaritano aplicou nas feridas do homem que encontrou moribundo, azeite e vinho (Lc 10.34). Na santificação das coisas do Tabernáculo e na unção para o ministério, usava-se azeite. Neste caso é símbolo do Espírito Santo, que nos santifica e unge para o testemunho de Jesus Cristo (Ver Êx 30.29; Lv 10.7).
A oliveira, como símbolo de Israel, vem da parábola apresentada por Paulo em Romanos 11.17-27. Os judeus são a boa oliveira (v. 24), os gentios são a oliveira brava ou zambujeiro (v. 17). Foram quebrados alguns ramos da boa oliveira e enxertados os zambujeiros (vv. 17,19).
Os frutos da oliveira brava são pequenos e menos abundantes. Enxertando-se um ramo da boa árvore na oliveira brava, os frutos serão melhores. Na alegoria de Paulo o processo foi diferente, porque os gentios, oliveira brava, foram enxertados na boa oliveira. Foi à bondade de Deus para com os gentios que fez isso. Recebemos assim a seiva que vem da raiz da boa árvore. “Se a raiz é santa, os ramos também o são” (v. 16).
A raiz da árvore judaica é Abraão. Deus disse a Moisés: “... Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...” (Êx 3.15b). Aparece como um Deus tríplice. Abraão é tipo de Deus Pai (Lc 16.22-25); Isaque é tipo de Deus Filho, especialmente na história de casamento (Gn 24); Jacó, pelo modo como foi guiado por Deus (Gn 28.15; 31.3; 32.24-30; 35.1; 46.24), lembra o ministério do Espírito Santo, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13). A raiz é tríplice e proveniente de Deus. Se ela é santa, os ramos ligados a ela participam da santidade.
Os judeus e os gentios crentes em Cristo são iguais, filhos espirituais de Abraão, participam da raiz e dos frutos da boa oliveira de Deus, por Cristo que foi a semente de Abraão. O endurecimento ou cegueira de Israel “... até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11.25b) – não se refere aos tempos dos gentios que é expressão profética com outro sentido (Lc 21.24). Aqui se refere aos gentios salvos pela pregação do Evangelho. Quando for salvo o último dos que Deus conhece, se completará o número.
Deus não rejeitou seu povo de Israel, não temos razão para considerá-los rejeitados; foram separados, mas os que não permaneceram na incredulidade serão enxertados (v. 23). “Se tu foste cortado do natural zambujeiro, e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais será enxertado na sua própria oliveira” (Rm 11.24).
Além do óleo, a madeira da oliveira que era utilizada pelos marceneiros estava nos objetos sagrados. Os querubins do Templo eram feitos da madeira de oliveira (I Rs 6.23) e a porta do Santo dos Santos (I Rs 6.31-33). Quer dizer que os judeus tomaram parte na fundação da Igreja de Jesus Cristo. Os apóstolos, colunas da Igreja, e os primeiros crentes eram judeus.
Gostei e Deus lhe abençoe
ResponderExcluirGostei e Deus lhe abençoe
ResponderExcluirbuy cheap jordans at www.onkicks.com
ResponderExcluirEu gostei muito das explicações que são dadas a nós na leitura.Deus abençoe todos vocês com mas sabedorias ainda, PR,Geraldo da igreja Metodista wesleyana de Coelho Neto
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