26/10/2012

As Cinco Ofertas de Levíticos E Jesus Cristo


“Estes, porém, foram escritos para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31).

Os sacrifícios foram ordenados por Deus e colocados no centro e no coração da nação judaica. Levítico trata da santificação do povo de Deus. Êxodo lembra conversão. Israel foi liberto do Egito, figura da escravidão do pecado, fez o Tabernáculo e estava no Sinai, onde Deus deu a Lei. Foi armado o Tabernáculo e a glória do Senhor o encheu, como nuvem de dia e fogo à noite (Êx 40.34,38).

Ali Deus deu instruções sobre o cerimonial Levítico, representando detalhes da obra de Cristo na cruz. O que quer que pensem, na ocasião, por causa do sacrifício de animais e do fogo ardendo continuamente no altar do holocausto, não há dúvida que Deus impregnava os corações dos homens com a consciência do pecado de cada um. Um quadro do sacrifício vindouro do Messias.

O tipo de Jesus está nas cinco ofertas no Dia da Expiação e nas festas do capítulo 23. Propriamente no capítulo 23, a parte mais interessante é a Oferta das Primícias. Há instruções para o sacrifício ao longo do Pentateuco, mas em Levítico os capítulos 1-7 é dedicado as 5 ofertas que eram principais sacrifícios dos rituais. Explica todas as realizações no Calvário. Forma um todo e podem ser estudadas separadamente. Assim, vejamos os pormenores.

A Respeito das Cinco Ofertas

Foram ordenadas, ainda que voluntárias. Todas, exceto a de Manjares, tinham sangue. Todas, exceto a de Manjares, eram expiatórias. O sangue derramado era o sacrifício, a entrega de uma vida por outra. Os sacrifícios apontam para Jesus e foram cumpridos, exclusivamente, nele.

As Cinco Ofertas em Ordem

1º. O holocausto – Com sangue (Lv 1.1-17; 6.8-13).
2º. Oferta de Manjares – Sem sangue (Lv 2.1-16; 6.14-23).
3º. Oferta Pacífica – Com sangue (Lv 3.1-17; 7.11-34; 19.5-8; 22.21-25).
4º. Oferta pelo Pecado – Com sangue (Lv 4.1-35; 6.2430).
5º. Oferta pela Culpa – Com sangue (Lv 5.14-19; 7.1-17).

Cristo como Holocausto – Satisfaz a justiça. Adão desobedeceu a Deus. Jesus o glorificou. Pela cruz veio mais glória para Deus do que a que perdeu com a queda de Adão. Esta oferta vem em primeiro lugar.
Cristo e a Oferta de Manjares – Revela a perfeição. Depois de apresentar o sangue precioso que nos deu a paz, ele alegra a Deus pelo que é em si mesmo.
Cristo e a Oferta Pacífica – Colocando-se entre Deus e os homens, Jesus trás a paz. Esta oferta significa reconciliação.
Cristo e a Oferta pelo Pecado – Ele se ofereceu por nossos pecados e agora pode perdoar.
Cristo e a Oferta pela Culpa – O pecado é considerado uma dívida a ser paga. É a sujeira ou impureza a ser lavada. Com sujeira não há como ir ao Santo dos Santos. Jesus se fez pecado por nós, para nos lavar. Seu sangue “os purifica de todo o pecado” (I Jo 1.7b). “Se alguém pecar, temos um advogado” (I Jo 2.1b).

O livro começa com a chamada de Moisés da tenda da congregação (Lv 1.1b). Lembra a voz nos céus que disse: “... Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17).

A exortação não é para o pecador perdido, mas aos que têm pacto com Deus e aos corações gratos, a ponto de trazerem a oferta a Deus. Fala aos que, voluntariamente, desejam dar algo que Deus aprova. O que trazem lembra Jesus. Não é obrigação. Mas, “quem quiser”, “qualquer pessoa”, “se alguém...”

As Ofertas e os Evangelhos

A Oferta de Manjares (sem sangue) representa a perfeição do Homem Jesus.

Mateus apresenta o Messias perfeito de Israel.
Marcos apresenta o Servo perfeito.
Lucas apresenta o Varão perfeito.
João apresenta o Filho de Deus em carne.

As Quatro ofertas de Sangue e os Quatro Evangelhos

Mateus (Oferta pela Culpa) – Cristo encontra o pecador necessitado, quando este reconhece a dívida para com Deus. O livro se ocupa com o pensamento do pecado como ofensa ao governo divino.
Marcos (Oferta pelo Pecado) – Enfatiza o pecado como mancha ou nódoa. A oferta de pecado olha para a cruz.
Lucas (Oferta Pacífica) – A paz é à base da comunhão com Deus. Em Lucas está o caminho pelo qual, em graça, Deus vem ao encontro do homem e o atrai para si.
João (Holocausto) – Jesus é a oferta queimada, deu-se a si mesmo, como sacrifício em cheiro suave a Deus. Não há referência ao grito de angústia: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Este grito se refere ao pecado e à culpa. Só pode aparecer em Mateus e Marcos. Não poderia vir onde a morte é vista como aquilo que glorifica plenamente a Deus num mundo onde ele é desprezado.

Significado das ofertas

1º. Holocausto – consagração pessoal.
2º. Manjares – consagração dos bens.
3º. Pacífica – comunhão com Deus.
4º. De Pecado – perdão.
5º. De Culpa – restituição.

O Holocausto

Era diferente das outras quatro, porque a carne era toda queimada. Era um sacrifício totalmente queimado. Nada era comido, o fogo consumia o sacrifício inteiro. É importante notar que o fogo jamais se apaga: “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará” (Lv 6.13). Um exemplo se acha nas igrejas da Macedônia que “... não somente fizeram como esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus” (II Co 8.5). É a consagração completa do ser, para a obra de Deus.

Tipifica a obediência perfeita de Cristo. Jesus foi tentado a evitar o propósito – por Satanás (Mt 4.8), pelos discípulos (Mt 16.21-23) e pelo povo (Jo 6.15). Jesus fez a vontade do Pai (Lc 2.29; Jo 4.30; 5.30; 6.29; Hb 10.7). Jesus teve um propósito fixo (Lc 9.5; 22.42; Jo 18.11).

As Quatro Qualidades de Animais

No holocausto eram permitidas quatro espécies de animais: novilho; carneiro; bode e aves. A diferença era por causa da condição financeira do ofertante. Aplica-se na vida espiritual, significando a idéia que o crente tem de Cristo. A oferta do pombo, representa a idéia fraca que o crente tem de Cristo. Sabe que é do céu (aves são do céu), porém, não desenvolve no testemunho. Sabe que vai para o céu, mas esquece da vigilância e o serviço a Deus.

O cabrito é a vida espiritual de quem aprendeu que Jesus é o bode expiatório, sofreu por nós. Aceitou a salvação e sabe que temos de sofrer no mundo, mas não lembra de que Deus é “... de toda a consolação” (II Co 1.3). Outros vêem Jesus um pouco maior, oferecendo um carneiro. Têm-no como o Cordeiro de Deus. Às vezes, até evangelizam. Quem oferece pombos ou cabritos, não experimenta a consolação de Deus, não se lembra do amor aos perdidos nem da evangelização.

A oferta de um novilho é compreendida pelo crente que vê Cristo como servo, que veio servir. E mantêm o mesmo sentimento que houve nele (Fp 2.5). O boi gasta a força para servir, arrastando carro, arado, ou outro objeto que dê lucro aos homens. Entrega seu corpo para proveito da humanidade. A carne, couro, chifres, ossos, esterco, nervos e tudo mais são industrializados para dar alimento, conforto e vantagem ao homem neste mundo.

O crente espiritual vê Jesus como o boi, e segue o exemplo, paciência e serviço. Este tipo de crente é mencionado nas palavras: “... Espalhou, deu aos pobres: a sua justiça permanece para sempre” (II Co 9.9). O Salmo 40 é o Salmo do holocausto. Ali aparece o louvor da alma, apreciando o aspecto da obra do Senhor.

O animal devia ser sem defeito. O adorador colocava as mãos sobre o animal e, consciente, sabia que o inocente era reputado por pecador, e buscaria ao Senhor para perdão, e então o sacrificava (Lv 1.4-9). Os sacerdotes eram responsáveis por lavar as partes do animal antes de colocar sobre o altar (Lv 1.6-9). Depois, na história de Israel, haviam ofertas queimadas feitas duas vezes ao dia, pela manhã e ao entardecer (quando surgia a primeira estrela; Nm 28.3-4). A oferta queimada era realizada para reconciliação do povo para com Deus, era uma oferta de dedicação contínua ao Senhor.

A Oferta de Manjares

É diferente das outra quatro em cinco pontos: (1) Não era uma vida; (2) Não tinha sangue; (3) Não recebia imposição de mãos; (4) Não havia substituição; e (5) Não era pelo pecado. Pôr a mão na cabeça identificava o ofertante com a vítima. Na Oferta de Manjares, não havia substituição do culpado pelo inocente. A oferta representa consagração dos bens. Era um presente, dádiva de gratidão a Deus.

Consistia em alimentos – flor de farinha, óleo, sal e espigas tostadas. Junto com estes vinha o incenso. Não era uma coisa rara, mas uma substância que todos podiam ter em casa.

1 - Flor de farina – A melhor farinha. Para chegar àquele ponto, era preciso esmagamento do trigo, que lembra o sofrimento de Jesus.
2 - Óleo/Azeite – Representa o Espírito Santo (At 10.38; Hb 19).
3 - Incenso – Representa a oração (Sl 141.2; Lc 1.10; Ap 5.8).
4 - Sal – Incorrupção e preservação. Significa que a consagração não é temporária, é eterna e incorrupta.

Eram proibidos

1 - Fermento – Representa a maldade, coisa rejeitada por Deus (Ver I Co 5.7-8)
2 - Mel – Agradável e nutritivo, porém, sob o calor, azeda. Representa sentimentos naturais; bondade humana que nem sempre permanece.

Em Jesus havia mais que sentimentos naturais. Era o amor divino e santo, aplicado ao homem. “... tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Só o amor de Deus nos corações pode fazer existir os sentimentos aprovados por ele.

Em relação a Jesus Cristo, a Oferta de Manjares fala da perfeição. O santo foi homem perfeito, sem pecado nem falta. Lembra Jesus como o pão da vida, que desce do céu para alimentar. A pessoa de Jesus é ligada à sua obra. O Holocausto, com sangue, redimia o pecador, e a Oferta de Manjares com sua perfeição alimenta e sustenta os salvos pelo sangue. A humanidade de Cristo não terminou com a morte na cruz. Continua sendo homem perfeito e santo. “... há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Tm 2.5).

As Ofertas Pacíficas

É diferente das outras, porque o ofertante comia uma parte. Na de Holocausto tudo era queimado para Deus. Nas outras três, o sacerdote tirava uma parte para si e seus filhos. A Oferta Pacífica representa comunhão com Deus. Nesta oferta podia ser trazido para sacrifício:

 Um novilho ou novilha (Lv 3.1-5).
 Um cordeiro (Lv 3.611).
 Uma cabra (Lv 3.12-16).

Não era permitido sacrifício de pombos, como na do Holocausto. O pombo ou rolinha era de pouco valor. Espiritualmente se aplica ao crente menos desenvolvido no conhecimento de Jesus. O crente que só sabe que Jesus é do céu e vai encontrar com ele, não cresceu. Não aprendeu a servir, não produziu o fruto do Espírito, não tem paz. Tal crente não faz a oferta pacífica. Jesus cumpriu o sentido da oferta pacífica “porque ele é a nossa paz...” (Ef 2.14). “... Por ele é feito a paz pelo seu sangue...” (Cl 1.20).

O peito era comido pelo sacerdote (Lv 7.30,31). Peito significa lugar de afeição. Somos sacerdotes e nos alimentamos do amor de Cristo que nos dá a paz. A espádua (ombro) pertencia ao sacerdote. Representa a força e o poder que vem do Senhor, para seus servos realizarem a obra do testemunho neste mundo.

O sangue pertencia a Deus (Lv 3.20). O sangue trás o perdão dos pecados. Não há comunhão sem perdão. O sangue de Cristo nos purifica. O ato de comer parte da oferta lembra a ceia do Senhor. Recebendo, pela fé o que Jesus realizou na cruz, temos paz com Deus.

O crente tem obrigação de buscar a paz se quiser experimentá-la. Outras pessoas não podem estragar a minha paz. “Aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a” (Pe 3.11). “Não estejais inquietos por coisa alguma: antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus... guardará os vossos corações...” (Fp 4.6,7).

A Oferta pelo Pecado

As ofertas de sangue têm duas classes – cheiro suave e restituição. Holocausto e Oferta Pacífica é cheiro suave para Deus. As Ofertas de Pecado e de Culpa não são, porque têm lugar quando há coisa errada perante Deus. A Oferta Pacífica lembra comunhão com Deus e uns com os outros. Mas, enquanto a alma não vir Cristo tomar o lugar do pecador, não tem paz.

Diferenças entre a Oferta de Pecado e de Culpa:

O pecado significa impureza, fraqueza, condição. A culpa é um ato, uma dívida. O pecado é a natureza má, a culpa, o erro. O pecado torna o pecador rejeitado por Deus pelo que é. A culpa pelo que se faz. Deus disse: “... sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada...” (Is 41.24). Menos do que nada é quantidade negativa, como o exemplo de quem tem dívidas e não tem cobertura para elas, as finanças são menos que nada.

Este é o valor do homem para Deus. Sendo menos do que nada, precisa da Oferta de Pecado, para se habilitar perante Deus. Suas obras valendo menos do que nada, ele da Oferta de Culpa para pagar a dívida. Somos purificados diante de Deus, mas pode aparecer a manifestação do pecado.

Na morte de Jesus foi cumprida a Oferta de Pecado. “Deus o fez pecado por nós” (Hb 9;10; II Co 5.21). Todas as ofertas são indicadas em Hebreus 10. “Sacrifício; paz; oferenda; manjares; oferta queimada; holocausto; pelo pecado e pecado e culpa”. O pecado referido nesta oferta é entendido pela expressão: “pecar por ignorância” (Lv 5.15). É pecado não deliberado. Desde que Jesus morreu, só há um pecado deliberado: a rejeição do Filho de Deus. Todos os outros são por ignorância.

Pedro disse aos que o crucificaram: “Pela vossa ignorância fizestes isso” (At 3.17). Paulo declarou: “Nenhum dos príncipes deste mundo o conhece; porque se o conhecessem nunca crucificariam ao Senhor da Glória” (I Co 28).

A Oferta de Pecado é daquele que deseja ser salvo. Quem recusa trazer a Oferta de Pecado, tem pecado deliberado. É o caso de Hebreus 6. Não se refere à falha, mas à atitude de um esclarecido intelectualmente, certo da verdade que volta deliberadamente, e recusa o Filho de Deus como Salvador. “Do pecado, porque não crêem em mim” (Jo 16.9).

Oferta de Culpa

A Oferta de Culpa apresenta o primeiro aspecto da obra de Cristo na cruz. Vem ao encontro do medo do pecador que dizia ansioso: “Como me salvarei das conseqüências de meu pecado?” Cada pecado é uma ofensa à majestade do céu. Uma falta contra o governo santo de Deus. Mesmo sendo contra o homem, é primeiro contra Deus. Davi pecou contra Urias, mas diz: “... contra ti somente pequei...” (Sl 51.4). Depois clama com fé na cruz do Cristo que havia de vir: “Purifica-me com hissope, e ficarei puro: lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve” (Sl 51.7). Este é o aspecto da cruz que nos vem com a Oferta de Culpa.

A razão de ser da oferta está em Levítico 5.15; 6.7. A oferta tinha de ser “um carneiro sem mancha, conforme o valor em siclos de prata”. Esta parte era a expiação da culpa. Ainda trazia uma restituição especificada como “o quinto” (quinta parte do valor do carneiro). Esta parte era para o sacerdote. Uma coisa contra o Senhor era restituída ou paga com a Oferta de Pecado. Quando o culpado reconhecia a culpa, trazia não só o valor, mas o quinto como acréscimo para o sacerdote. “Onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).

Deus recebia mais por causa do pecado do homem do que receberia senão houvesse pecado. Recebe mais glória do que a que perdeu. O valor da obra de Cristo no Calvário não vai só ao encontro dos pecados dos que crêem nele, mas alcança todos os arrependidos no Universo. Cumprindo a Oferta de Culpa é que Jesus é chamado Cordeiro.

No Holocausto havia quatro animais a escolher; na Pacífica, era gado ou gado miúdo, macho ou fêmea; na Oferta pelo Pecado, era oferecida a cabra, mas pela Culpa, só “um carneiro sem mancha”. Jesus é “... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). É “um Cordeiro, como havendo sido morto” (Ap 5.6). “... como um cordeiro foi levado ao matadouro...” (Is 53.7).

O Salmo 69 é o salmo de Oferta de Culpa. O versículo 9 é a confissão dos pecados ao Senhor. Os versículos 20 e 21 descrevem o sofrimento do Salvador. O versículo 31 mostra a superioridade do Calvário sobre os sacrifícios do tempo da Lei.

O Dia da Expiação

Era a mais importante festa do calendário judeu. O maior de todos os dias para eles. A razão dessa importância é que, neste dia, fazia-se expiação de pecado: por Aarão e seus filhos; pelo povo; pelo Tabernáculo e seu mobiliário (Lv 16.33,34). Observado no dia dez do sétimo mês (Lv 23.27), era também dia de santa convocação (Nm 29.7).

A cerimônia do dia da Expiação consistia numa série de sacrifícios. Primeiro Aarão oferecia um novilho por ele e seus filhos. Levava para o interior do Santo dos Santos o sangue e o incensário com brasas e incenso sobre elas. A fumaça cobria a Arca e o Propiciatório. Espargia o sangue sobre o Propiciatório e no chão perante ele, sete vezes com o dedo (Lv 16.11-14). Era a purificação do Tabernáculo. Por estar entre o povo pecaminoso, tornava-se impuro e precisava ser purificado (Ver Hebreus 9.21).

A Expiação pelo povo era feita por meio de bodes. Escolhiam dois bodes e lançavam sortes: um era “do Senhor” e outro, o “bode emissário” (Lv 16.5-10). O bode para o Senhor era degolado e seu sangue levado para o Santo dos Santos, e o sacerdote fazia como com o sangue do novilho. Espargia sobre o Propiciatório e sete vezes com o dedo pelo chão, depois de colocar sangue nas pontas do altar (Lv 16.15-19). Ali o sacerdote entrava uma vez no ano (Hb 9.7). Esta vez era no Dia da Expiação.

Depois de Expiado o Santuário e a tenda da Congregação, era executada a parte referente ao outro bode. “... então fará chegar o bode vivo” (Lv 16.20). Aarão punha as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessava as iniqüidades e transgressões de Israel e enviava o bode para o deserto, pela mão de um homem escolhido para isso (Lv 16.21,22). Esse bode levava sobre si as iniqüidades do povo ao deserto, lugar também chamado terra solitária.

Há quem diga que o bode morto é um tipo de Cristo e o emissário é um tipo de Satanás. E no futuro, os pecados da humanidade serão lançados sobre Satanás. Porém, não há passagem bíblica que confirme tal idéia. É imaginação de quem não segue o ensino da Palavra de Deus. O bode emissário é chamado Azazel (Lv 16.8, 18, 26). Na versão Brasileira está assim, e é no hebraico. Uma corrente antiga de judeus dizia que, o sentido da palavra é demônio, mas um dicionário judeu define assim: “Azazel, bode expiatório ou bode de afastamento” (Hebrew Analytical Lexicon, Benjamin Davidson, pg. 573).

Além desta definição, a Bíblia tem uma lista de passagens dizendo que Cristo levou nossos pecados. Ele não somente morreu por nós, mas levou para longe nossas iniqüidades. Isaías 53.2-12; I Pedro 2.24; Hebreus 9.28; Miquéias 7.19; Salmo 103.12; etc.

Na cerimônia do dia da Expiação, o bode morto é tipo de Jesus crucificado e o bode levado ao deserto, tipo de Jesus levando em seu corpo nossos pecados.

Oferta de Primícias

Tipo de Jesus e significado do domingo. Consistia em oferecer a Deus o primeiro molho da colheita. O israelita apanhava as primeiras espigas amadurecidas entregava ao sacerdote, que movia o molho; simbolizava a entrega a Deus do melhor da vida e do próprio ser. É tipo da ressurreição de Jesus porque “... agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (I Co 15.20).

O dia em que se fazia oferta de primícias tem seu significado. “Ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos: ao seguinte dia do sábado o moverá o sacerdote” (Lv 23.11). Assim, as primícias só eram apresentadas a Deus no domingo. Alguns discutem sobre o dia em que Jesus morreu, uns crêem que foi na sexta-feira, outros na quarta e outros na quinta. Deus não se importa que não saibam ao certo.

Quanto à ressurreição, porém, não ha dúvidas. Os quatro Evangelhos fazem referencia ao primeiro dia da semana (Mt 28.1; Mc 16.2; Lc 24.1; Jo 20.1). O Salvador só poderia ressuscitar no domingo, para cumprir o predito pela figura da Oferta de Primícias.

Mas vem outro domingo. “Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida: sete semanas inteiras serão. Até o dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias: então oferecereis nova oferta de manjares...” (Lv 23.15,16). Havia uma cerimônia das Primícias no domingo (Lv 23.11) e outra, com nova Oferta de Manjares, significando consagração ou comunhão, noutro domingo (Lv 23.16).

O espaço de cinqüenta dias (Lv 23.16) era o Pentecostes, que significa qüinquagésimo. A mesma coisa era observada cinqüenta dias depois da Páscoa. Portanto, o Pentecostes era no domingo. A descida do Espírito Santo, cumprindo a promessa de Jesus, foi no domingo (At 2). Os acontecimentos marcaram o começo da Igreja. Antes, Jesus dizia: “... edificarei minha igreja” (Mt 16.18). No Pentecostes, ao descer o Espírito Santo, ela passou a existir.

A Oferta de Primícias era feita no domingo, no dia seguinte ao sábado (Lv 23.11). É tipo da ressurreição de Cristo (I Co 15.20), fato que se deu, segundo os quatro evangelhos, no primeiro dia da semana.

A Oferta de Manjares, que complementava à de Primícias, também vinha no domingo, “... no dia seguinte ao sétimo sábado...” (Lv 23.16). Era tipo do Espírito Santo que desceu no dia de Pentecoste, também, no domingo (At 2). O domingo aparece pela primeira vez em Levítico, livro da Santidade, prefigurando a ressurreição de Jesus e a vinda do Espírito Santo. Por isso os cristãos consideram santificado o domingo.

5 comentários:

  1. Maravilhoso estudo meu irmão! As inferências e a visão cristológica dos sacrifícios e das ofertas é linda! Quero só deixar uma pequena contribuição. Ao construir textos descritivos e estudos tão profundos, deixe ao final os livros de referência utilizados, assim, deixa de ser mero texto de blog para poder ser referência em estudos de outros ou mesmo trabalhos acadêmicos. Deus o abençoe!

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  2. Lindo estudo maravilhoso 🙏

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  3. Deus continue abençoando seu ministério. Esse estudo esta muito rico!! Obrigado por compartilhar.

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